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O incêndio de cada um


Fico encantada quando vejo pessoas que trabalham com o que amam. Às vezes ficava observando os professores que já tive e era perceptível quando estavam fazendo o que gostam de fazer de verdade. O empenho em esclarecer os assunto, o domínio do conteúdo, a dedicação em ensinar, a humildade em reconhecer o que não sabe, mas buscar aprender; a paciência e até as frustrações por se doar demais e não ver o retorno tão merecido.

Uma vez li um texto do Affonso Romano de San'Anna chamado "O incêndio de cada um", e lembrei desses e de outros profissionais, e retrata o momento em que você se descobre e um desses momentos (eu acho), é aquele que você percebe o que realmente nasceu para fazer. É lindo... seguee:

" Há um momento de sedução típico de cada um. Quando o indivíduo está assentado no que lhe é mais próprio e natural. E isto encanta. 
 Claro, esses são exemplos até esperados. Mas há outros modos de o corpo de uma pessoa embandeirar-se como se tivesse achado o seu jeito único e melhor de ser. Digo, o corpo e a alma. 
  Mas nem todos podemos ser tão espetaculares. Nem por isso o pequeno acontecimento é menos comovente.

(...)

 Cada um tem um momento, um gesto, um ato em que se individualizabrilha. Nisto nos parecemos com os animais e peixes ou quem sabe com as nuvens.
  Animais e peixes tem isto: tem trejeitos raros e sedutores, cada um segundo sua espécie. Até as nuvens como eu dizia, tem seu momento de glória.

(...)

Então é disso que eu estou falando. Dessa coisa simples e única, quando o que cada um tem de seu relampeja a olhos vistos. Quando isto se dá, quebra-se a monotonia e o indivíduo se transcedentaliza.

(...)

 Isto é o que importa: o incêndio de cada um. Cada qual deve ter um jeito de deflagrar sua luz aprisionada. As flores fazem isto sem esforço. Igualmente os pássaros. Todos tem seu momento de revelação. É aguardar que o outro alguma hora vai se manifestar. "


 #Ficaadica 

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